ACP-BP

Pub

Baja: Reviver o passado em Portalegre

| Revista ACP

Um UMM histórico volta à Baja para mostrar que “velhos são os trapos” e promete uma aventura dos diabos.

UMM de Pedro Villas-Boas

Carros de TT, para trabalhar e até para correr, construídos em Portugal, correram pistas de aventura desde o Alentejo até África. Etapas inesquecíveis foram vividas por homens que viriam a fazer parte da história do todo terreno em Portugal. Tal como o UMM que foi a Dakar e regressa agora a Portalegre.

Totalmente recuperado e a brilhar, o herói deste regresso à competição é sem dúvida o UMM Alter Turbo que vai levar a bordo Pedro Villas-Boas, que cunhou diversas estórias do TT português com o famoso “jeep made in Portugal” e Rui Cardoso que escreveu algumas das suas histórias.

Pedro Villas-Boas esteve na fundação do Clube Aventura, na génese das primeiras corridas de TT no nosso país e na organização de expedições ao Norte de África, para além de ter sido um dos primeiros portugueses a correr no Dakar (com José Megre, Pedro Cortez, Diogo Amado, Tucha e outros). Chama-se Pedro Villas-Boas, é engenheiro e tem 75 anos.

Rui Cardoso, 63 anos, é jornalista, correu no segundo Portalegre (1988) e depois disso em muitas outras provas, mais pelo prazer de participar que pela ânsia de grandes resultados desportivos. Foi dos primeiros a descrever o que é uma corrida vista por dentro, nomeadamente nas páginas de “O Independente”.

O lugar geométrico de ambos e seu ponto de convergência é o UMM Alter Turbo em que Villas-Boas foi ao Dakar de 1987. Tinha-lhe perdido o rasto mas conseguiu comprá-lo e restaurá-lo meticulosamente. O restauro é tão perfeito que inclui as pinturas publicitárias da altura, remetendo para uma marca de tabaco que já não existe (o SG Gigante), coisa hoje em dia impensável à luz da legislação e dos regulamentos em vigor.

Para Pedro Villas-Boas trata-se de “reviver das muitas memórias dos grandes momentos que vivi com o Zé Megre, o Clube e as Organizações Aventura, a UMM. E ter o Rui Cardoso como copiloto é também o reviver muitas aventuras juntos.”

“Entre os pilotos e o carro, tudo somado representa para aí dois séculos de TT”, dizem eles jocosamente, enquanto combinam os últimos pormenores da sua participação na prova. Será um dos vários UMM que voltarão às pistas de Portalegre, dando uma animação especial à prova. De resto já há cinco anos o ACP abrira uma exceção para a participação destes carros na 25ª edição da prova e lá estiveram, salvo erro, quatro à partida e quatro à chegada, como não poderia deixar de ser com estes monstros de fabrico nacional, desconfortáveis e manhosos de guiar, mas com uma fiabilidade e um comportamento em pisos difíceis verdadeiramente lendários.

Rui Cardoso conta que nessa prova, feita ao lado doutro histórico do TT, Rui Casimiro, “quando chegávamos aos cruzamentos com o asfalto era um delírio. Até os soldados da GNR vinham bater palmas…”.

Nessa 25ª edição Pedro Vilas Boas participou de moto, na categoria de veteranos em moto. “Era o voltar depois de muitos anos a uma Prova que foi em 1986 inventada e concretizada pelo José Megre e por mim, vivia-se então os primórdios das Organizações Aventura. E também foi um desafio para os meus 70 anos. Foram momentos inesquecíveis!”.

Desta vez em Portalegre haverá bastantes mais UMM, pelo menos 15 e lá estarão Tucha e o seu filho Bruno, Paulo Loureiro, Nuno Gonçalves, José Maia, Nuno Grácio, entre muitos outros.

scroll up