Caminho e controlos

Módulo 2

No 1º módulo sobre Rally de Regularidade e regulamentação, explicámos:

  • o que é uma Regularidade, com um percurso onde existem sectores de ligação e Provas Especiais de Classificação de Regularidade (PECR), onde a precisão da nossa passagem é medida ao segundo ou à décima de segundo.
  • Analisámos a Legislação Aplicável às Provas de Regularidade e os Documentos que existem numa prova.
  • Explicámos quais são os Oficiais de Prova e as respetivas funções.
  • Atendendo a que estas provas são provas de precisão, onde temos de estar em vários pontos ao segundo, ou à décima de segundo, realçámos a importância de ter o(s) relógio(s) certo(s) pela Hora de Prova.
  • Falámos sobre como abordar os pontos de Controlo, conforme os tipos de Cronometragem mais usados em Portugal.
  • Mostrámos um exemplo de Carta de Controlo e a importância deste documento. 

Neste 2º módulo abordaremos o Itinerário a seguir e os diversos tipos de Controlos.

Depois de percebermos que a Carta de Controlo nos orienta para as distâncias e as horas que temos de cumprir, vamos juntar-lhe o Itinerário que temos de seguir. Estes dois documentos, Carta de Controlo e Caderno de Itinerário, são os mais importantes durante a realização da prova. Sem eles não conseguimos cumprir um rali. Em Portugal o Caderno de Itinerário ou Road-Book é o mais habitual. No entanto, explicamos outras maneiras de guiar os concorrentes durante uma Prova de Regularidade, que são mais comuns noutros países.

Caderno de Itinerário (Road-Book)

O Caderno de Itinerário, ou Road-Book, indica o percurso que os concorrentes têm de seguir durante a prova. Este é o modelo mais usado em Portugal, mas também é possível fazer provas onde nos temos de orientar num mapa, numa carta militar ou numa Flecha Alemã. (Todos estes casos não são habituais em Portugal, mas explicaremos como funcionam mais à frente).

O Road-book mostra o percurso que temos de efetuar em várias figuras, como se de pequenos mapas se tratassem. Aí estão representados:

  • O local de partida
  • Todos os cruzamentos de estrada mais relevantes
  • Outros pontos importantes, como os Controlos e inícios e finais das PECR (Provas Especiais de Classificação de Regularidade)
  • As distâncias entre todas as figuras, Totais e Parciais
  • O local de chegada

No Road-Book estão os cruzamentos de estrada mais relevantes.

Se um cruzamento não estiver no mesmo, devemos manter a estrada por onde circulamos.

Também podem constar no Road-Book as horas de apresentação, mas, como dissemos relativamente às Cartas de Controlo, em caso de divergência, fará fé a hora indicada na Carta de Controlo.

As distâncias que estão no Road-Book poderão estar em duas colunas.

Uma que diz respeito ao total, desde o início da etapa, e outra, a parcial, que é a distância desde a última referência do Road-Book.

Se um Rali estiver dividido em várias secções (por exemplo uma secção até ao local de almoço e uma da parte da tarde) deve haver um Road-Book para cada secção.

Pode haver provas onde uma figura não tem distância. Isto pode acontecer porque não é relevante (por exemplo atravessar uma pequena povoação sem dificuldade de navegação) ou, propositadamente, para dificultar a navegação.

 

Percurso de prova

Toda a regulamentação sobre o Caderno de Itinerário está nas PEPR, Artigo 4º. Truques:

  • Ver se o Road-Book tem todas as páginas. (Erros de encadernação são raros, mas podem acontecer, e sem o Road-Book completo não conseguimos chegar ao final da prova).
  • Marcar distâncias muito curtas, pois durante a prova temos de ser rápidos na sua leitura.
  • Ver se, depois de virar uma página, há alguma figura muito perto. Marcar estes casos.

 

Exemplo de Road-Book

 

 

• Carta Militar

Em Portugal não é usual haver provas com este tipo de itinerário e o ACP Clássicos não as realiza. No entanto, para uma formação mais completa, convém abordar a existência deste tipo de provas, onde a navegação é feita por Carta Militar.

Geralmente, existe um Road-Book até início da prova e, durante a mesma, temos de nos orientar pelo percurso marcado na Carta Militar.

A maior dificuldade é que a Carta Militar é muito pormenorizada e, por vezes, a lupa é a melhor opção para navegar nestas provas.

Carta Militar

Estas duas imagens correspondem à Carta Militar e ao mapa do ACP da mesma zona.

• Flecha Alemã

A Flecha Alemã ou Flecha Alemana, é um tipo de itinerário que tem existido em provas Espanholas e de outros países. Geralmente, como nas provas por Carta Militar, existe um Road-Book para chegar até ao início da prova e, para a realização da mesma, usamos um itinerário representado por uma Flecha Alemã. É um tipo de itinerário que também nunca foi realizado pelo ACP Clássicos. Este tipo de itinerário utiliza o percurso a fazer com uma seta, com leitura de baixo para cima. Mas o percurso não é uma reta e cada traço é uma estrada que deixamos desse lado.

  • Num cruzamento onde viramos à esquerda, acabamos por deixar a estrada onde circulávamos à nossa direita; logo é representado um traço à direita.
  • Num cruzamento onde viramos à direita, acabamos por deixar a estrada onde circulávamos à nossa esquerda; logo é representado um traço à esquerda.
  • Uma rotunda são vários traços à direita, que temos de contar para saber qual a saída da rotunda que devemos usar. Este é um exemplo de um Road-Book e de uma Flecha Alemã. Ambos representam o mesmo percurso:

 

Neste exemplo, a Flecha Alemã só tem traços do lado direito, porque o percurso só tem viragens à esquerda.

Também pode haver provas deste tipo onde não há qualquer distância. Neste caso, todos os cruzamentos com estradas têm de estar marcados e as distâncias na Seta devem ser à mesma escala, ou a mesma proporção, que no percurso. Neste caso, geralmente, o mapa e a Flecha Alemã são entregues de véspera e o descobrir do percurso é feito com réguas mais detalhadas e lupa.

Atenção que, em provas assim, os caminhos menos importantes podem não estar marcados.

 

• Itinerário Descritivo

Também é algo que não se usa em Portugal, mas também é vulgar noutros países. Em vez de haver o Caderno de Itinerário com imagens, o seu formato é descritivo. Por exemplo, a folha de Road-Book da página anterior seria algo como:

0,00   Início de PRA
0,44   Na rotunda sai na 3ª saída
5,07   Posto de Abastecimento Cepsa
5,39   Na rotunda sai na 2ª saída, em direção a Sobral, Santiago e Arranhó
5,78   Virar à esquerda em direção a Sobral, Chamboeira e A8 Oeste
5,98   Final de PRA

Nas provas organizadas pelo ACP Clássicos existe sempre Road-Book. Estas formas mais complexas de indicar o percurso foram explicadas para que a Formação seja mais completa e abrangente.

 

• Quilómetro Padrão

As distâncias indicadas no Road-Book deverão estar todas aferidas pelo mesmo quilómetro. Em algumas provas, a correta aferição do medidor de distâncias existente no carro, pelo quilómetro padrão, ou troço de aferição, poderá ser muito importante. Só assim conseguiremos que os medidores de distância que dispomos marquem distâncias coincidentes com a prova. 

Do lado direito temos um exemplo de um quilómetro padrão, numa prova do ACP. Este quilómetro existia na ligação até à primeira PECR da prova.

Nas provas do Campeonato de Portugal de Regularidade Histórica é obrigatória a existência de um Troço de Aferição, conforme Artigo 8.6 do Regulamento Desportivo do Campeonato de Portugal de Regularidade Histórica: “Troço de aferição – com um mínimo de 2,5 km e não distando mais de 10 km do local das verificações administrativas e terá de ser incluído no regulamento particular da competição, ou aditamento até à publicação da lista de inscritos.

Quando existe quilómetro de aferição, o mesmo estará marcado com placas que identificam o início e o final. 

Também existem provas em que é proibido utilizar aparelhos de medição de distância, que não sejam os de série do carro. Neste tipo de prova não existe quilómetro de aferição.

Quilometro Padrao

 

Controlos

Cada Controlo tem três placas sinalizadoras: uma Amarela, que marca o início da zona de controlo, uma Encarnada, que define a linha de controlo, e uma Bege, com 3 barras diagonais, que marca o final da zona de Controlo.

Em qualquer Controlo ou zona de Controlo, o tempo de permanência no mesmo não deve ser superior ao tempo necessário para os controladores procederem à inscrição na carta. Quando se tem de esperar, para controlar à hora certa, o veículo tem de estar parado antes da placa Amarela, sob pena de penalização.

A hora exata de Controlo “corresponde ao momento exato em que um dos membros da equipa, entregue a carta de controlo ao comissário, o qual inscreverá, seja manualmente, seja através de relógio com impressora, a hora e minuto de apresentação na Carta de Controlo.” (Art.º7.4.2.1 das PEPR).

No entanto, como “a duração da paragem no espaço assim delimitado, não poderá exceder o tempo necessário às operações de controlo.” (Art.º7.1.3 das PEPR), não podemos esperar pela nossa hora dentro da zona de Controlo.

• Controlos Horários de Partida (CHP)

Placas de Contolo

O Controlo de Partida, que existe no início de cada etapa ou secção, é onde os controladores inscrevem, na Carta de Controlo, a hora de partida de cada um dos concorrentes. De modo a que o concorrente inicie a prova na sua hora de partida, dever-se-á apresentar o Controlo de Partida, no decorrer do minuto anterior à sua hora. 

Depois dos controladores inscreverem a hora na Carta, darão a partida a cada um dos concorrentes à sua hora ideal.

Se este Controlo for também o controlo de saída de parque fechado poderá não existir a placa Amarela.

• Controlos de Passagem (CP)

Placas de Contolo

Nestes controlos os controladores limitam-se a visar a Carta de Controlo, não sendo considerada a hora de apresentação no mesmo.

Mesmo que haja uma hora de apresentação na Carta de Controlo esta é uma estimativa, e não deverá ser considerada, por se tratar de um Controlo de Passagem.

• Controlos Horários (CH)

Placas de Contolo

Nestes Controlos os controladores escrevem na Carta de Controlo a hora a que a equipa se apresentou no mesmo, em horas, minutos e segundos.

No Campeonato de Portugal de Regularidade Histórica (CPRH) os Controlos Horários têm geralmente uma tolerância de 30 segundos por atraso. Ou seja: um concorrente que deva controlar às 15h 20m 30s não incorre em qualquer penalização se controlar entre as 15h 20m 30s e as 15h 20m 59s.

Também é habitual no CPRH não haver Controlos Horários, além do da partida. Assim sendo, temos uma hora de partida sobre a qual calculamos todas as horas da prova.

 

A hora de cálculo, para a apresentação no Controlo seguinte, poderá variar de evento para evento. Normalmente é só somar à hora que foi afixada na Carta de Controlo o tempo que foi concedido para o percurso.  

Exemplificando: um concorrente que tem como hora ideal de apresentação num Controlo: 9h 20m 30s se se apresentar no Controlo às 9h 20m 46s, está dentro da sua tolerância e não penaliza, considerando a mesma tolerância de 30 segundos. 

Se tem 5m 10s para se apresentar no Controlo seguinte, deverá somar este tempo à sua hora de apresentação no Controlo anterior e controlar entre as 9h 25m 56s e as 9h 26m 25s.

Há, no entanto, outras provas em que a tolerância pode ser, por exemplo, de 5 segundos, pelo que, como referimos, é importante ler o Regulamento da Prova e verificar como se deve calcular a hora de apresentação no Controlo seguinte e qual a tolerância.

• Controlos Horários Sem Paragem (CHSP)

Placas de Contolo

Em termos regulamentares existem Provas de Controlos Horários Sem Paragem que não obrigam à colocação de placa Amarela (abordaremos, detalhadamente, este assunto no Módulo 5 desta formação). 

No entanto, pode haver um ou mais Controlos deste tipo durante um Rali. 

Ao serem Sem Paragem, os concorrentes não param junto à placa Encarnada para o controlador escrever a hora de apresentação na Carta de Controlo.

Nestes Controlos, ao passarem junto à placa Encarnada, o tempo ficará registado por um dos meios de medição, conforme explicámos no Módulo 1, relativamente à cronometragem. 

No caso de chegarem antes da hora de Controlo, deverão parar a alguma distância. Se houver placa Amarela deverão parar antes da mesma, como num Controlo Horário normal. 

A placa de Controlo deve ter as letras SP em baixo.

Controlos Horários de Chegada (CHC)

Placas de Contolo

Este Controlo é o último Controlo de cada etapa ou secção. É igual a um Controlo Horário, mas neste a Carta de Controlo é entregue aos controladores.

Muitas vezes, no regulamento das provas, está escrito que nestes Controlos se pode entrar por avanço (chegar antes da hora ideal), mas a penalização por atraso mantém-se.

Assim, para sabermos se é possível, essa informação pode constar:

  • No Regulamento da prova;
  • Na Carta de Controlo;
  • Ou, eventualmente, no Road-Book. Mas, como já referimos, se houver informação contrária, a do Road-Book não é válida.

 

Se o CHC for a entrada de um Parque Fechado, não haverá placa de final de zona de controlo.

Toda a regulamentação sobre o Caderno de Itinerário está descrita nas PEPR, Artigo 7º.

 

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