A Hotchkiss pode não ser das marcas de automóveis mais conhecidas hoje em dia, até porque há muito que deixou de existir. Mas os entusiastas de clássicos conhecem-na bem e até há alguns que perpetuam a sua história através da recuperação de exemplares que ainda sobrevivem. Como o caso de um sócio do ACP Clássicos que restaura e coleciona estes carros de luxo franceses construídos na primeira metade do século XX.

Originalmente dedicada ao fabrico de peças de armamento – o emblema de marca exibe um par de canhões cruzados cercados por um cinto militar encimado por uma granada em chamas -, a Hotchkiss foi criada no final do século XIX mas só começou a produzir automóveis a partir de 1903.

Robustos, fiáveis e de elevada qualidade, os automóveis Hotchkiss apostaram mais numa estética conservadora e agradaram especialmente à classe média alta durante o seu tempo de produção. O seu bom desempenho também os levou a conquistarem muitas vitórias na competição, como o Rally de Monte Carlo nos anos de 1932, 1933, 1934, 1939, 1949 e 1950.

A marca francesa atravessou as duas guerras mundiais e conseguiu sobreviver à maior parte da concorrência para em 1954 se fundir com a Delahaye, tornando-se na Société Hotchkiss-Delahaye. A produção continuaria por mais um ano antes de se dedicar ao fabrico de jipes sob licença.

Vieram para Portugal 34 modelos Hotchkiss e cerca de metade terá sobrevivido ao tempo. Com muitos deles a serem agora recuperados para voltarem a ter o brilho de outros tempos e fazer reviver uma marca relativamente esquecida, mas que marcou a história automóvel através da construção de carros cuja “simplicidade da linha do motor, pureza do design do chassis e harmonia geral de todo o conjunto, são consideradas uma garantia de perfeição”, como o jornalista de automóveis francês Charles Faroux escreveu sobre a marca no final da década de 20.