Ao longo da história do automóvel, há alguns modelos de tal forma célebres que até aqueles a quem este setor nada diz os reconhecem. Lançado há 60 anos, o Aston Martin DB5 é, com certeza, um deles.
Revelado no Salão de Frankfurt de 1963, nasceu como um GT (Gran Turismo) com a «missão» de conjugar três qualidades: luxo, performance e conforto. Hoje é seguro dizer que o fez com distinção.
Apesar da nacionalidade britânica, as suas linhas icónicas nasceram em Itália, fruto do trabalho da Carrozzeria Touring Superleggera.
Sucessor do bem-sucedido DB4, o DB5 representava uma evolução em toda a linha face ao seu antecessor, apresentando-se primeiro como coupé e depois também como descapotável.
Se o DB4 já impressionava pelo requinte, o DB5 subia essa fasquia, contando com equipamentos que, à época, eram autênticos luxos como é o caso dos vidros elétricos ou do ar-condicionado.
Ainda na senda da evolução face ao antecessor, o DB5 recorria a um motor de seis cilindros em linha com 4.0 l de cilindrada que consistia numa evolução do seis cilindros de 3.7 l do seu antecessor.
Com dupla árvore de cames à cabeça e três carburadores SU, este motor debitava 282 cv às 5500rpm e 380 Nm de binário às 4500rpm, valores que ainda hoje merecem destaque e que, à época, eram impressionantes
Associado a uma caixa manual de cinco velocidades da ZF, levava o DB5 até aos 240 km/h de velocidade máxima e dos 0 aos 100 km/h em cerca de 7s, números que permitiam à Aston Martin afirmar que este era o GT de quatro lugares mais rápido do mundo.
Contudo, tudo isto não era suficiente para a Aston Martin. Por isso, apenas um ano depois do seu lançamento, o DB5 recebeu a mais superlativa das suas versões: o DB5 Vantage do qual só se produziram 65 unidades.
Equipado com três carburadores de duplo corpo da Weber e uma árvore de cames revista, o seis cilindros em linha com 4.0 l passou a debitar uns ainda mais impressionantes 330 cv às 5500 rpm.
Apesar de todos os seus argumentos técnicos e das linhas marcantes, é seguro dizer que grande parte da fama do DB5 se deve à sua presença na “Sétima Arte”.
Escolhido como o carro do famoso espião James Bond, em 1964 surgiu pela primeira vez no cinema no filme "Goldfinger" com uma parafernália de equipamentos (metralhadoras, placas à prova de bala, banco ejetável) que o tornavam praticamente imparável.
No total, o DB5 foi protagonista em nada menos que oito filmes da saga James Bond. A última vez que «serviu» o famoso espião foi precisamente no mais recente filme protagonizado por Daniel Craig, “007 — No Time to Die” e, apesar dos seus quase 60 anos à data da filmagem, mostrou-se à altura do desafio.
Além da presença no grande ecrã, o DB5 destaca-se ainda por ter «morado» na garagem de alguns dos maiores ícones da segunda metade do século XX.
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Nomes como Mick Jagger dos The Rolling Stones, a dupla Paul McCartney e George Harrison dos The Beatles, o comediante Peter Sellers, o músico Jay Kay ou o estilista Ralph Lauren estão entre os proprietários mais famosos do DB5.
O mais curioso acerca do impacto do Aston Martin DB5 na história do automóvel é que, ao contrário de outros ícones como o Mini original, o Volkswagen Beetle ou o Citroën 2CV, o DB5 era um modelo (muito) exclusivo e que foi produzido durante relativamente pouco tempo.
No total, a Aston Martin só o produziu durante cerca de dois anos, entre 1963 e 1965. Nesse espaço de tempo saíram da fábrica e sede da marca em Newport Pagnell, Buckinghamshire, apenas 1059 unidades de um dos carros mais famosos do mundo.