Há 90 anos o Chrysler Airflow inspirou-se na aeronáutica

| Revista ACP

A Grande Depressão estava para durar quando a Chrysler lançou um modelo muito inovador mas não foi apreciado pelo público.

Airflow-840

Estava-se no início de janeiro de 1934 quando o Salão Automóvel de Nova Iorque abriu portas para exibir as novidades do mundo automóvel, entre elas o Chrysler Airflow. Considerado um relâmpago de inovação no design e tecnologia que apresentava, revelou estar muito à frente do seu tempo mas não foi compreendido pelo público. Teve uma vida curta antes de ser condenado ao fracasso. Foi produzido até 1937.

No final da década de 20 a indústria automóvel americana ainda apresentava propostas com um design demasiado quadrado e pouco inspirador, até que Carl Breer, diretor técnico da Chrysler, decidiu contrariar esta tendência. Entusiasta da aeronáutica, chegou à conclusão que a carroçaria de um carro devia ser testada num túnel de vento para ser aerodinâmica. E foi nisso mesmo que apostou ao contratar Bill Earnshaw, um engenheiro aeronáutico para estudar projetos automóveis mais eficientes. Este, por sua vez, pediu ajuda ao aviador Orville Wright que juntos construíram o primeiro túnel de vento de Detroit para testar a aerodimâmica automóvel.

Depois de vários projetos, o resultado final foi um carro diferente de tudo o que se conhecia até então, sobretudo pela sua estrutura monobloco em aço, algo inédito nos EUA, além de outras inovações como o rebaixamento do carro que proprocionava um centro de gravidade mais baixo e reduzindo a possibilidade de capotamento. Também a distribuição do peso melhorou para 54-46 da frente para trás. A grade dianteira descia em cascata do capot incorporando o radiador e os faróis e os pára-lamas foram esculpidos em torno do mesmo arco. As rodas traseiras foram cobertas por saias de pára-lama. 

Disponível nas versões coupé e berlina, o Airflow depois de fazer a sua estreia no salão de Nova Iorque, percorreu as principais cidades norte-americanas para se aproximar ainda mais do público que não foi unânime na apreciação deste modelo inovador. Para piorar ainda mais a situação, as primeiras entregas não correram bem devido à má organização das fábricas da Chrysler. Em 1935, o modelo sofreu algumas atualizações como a grade do radiador que adotou uma forma mais pontiaguda. No ano seguinte, também o porta-malas foi redesenhado para acomodar a roda sobressalente.

Newsletter Revista
Receba as novidades do mundo automóvel e do universo ACP.

No último ano de produção, o Chrysler Airflow recebeu um motor de 5,3 litros na tentativa de aumentar as vendas, mas o objetivo não foi alcançado com a produção a cair a pique. Para se ter uma ideia, em 1934 foram construídos 11 mil exemplares, mas no seu último ano de produção apenas saíram de fábrica 4.603 unidades. Números dececionantes que levaram à decisão de interromper a produção de um carro que se afirmava como inovador, cujas técnicas de engenharia inspiraram outros fabricantes em todo o mundo como a Peugoet com os modelos 202, 302 e 402, ou Volvo com o seu PV 36.

scroll up