Os carros do Maio de 68

| Revista ACP

Em ano que se assinala meio século sobre a rebelião dos estudantes franceses olhamos para os carros nascidos em 1968.

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Há 50 anos o verão chegava mais cedo ao mundo, em particular a Paris, com as reivindicações dos estudantes franceses nas ruas da Cidade Luz a fazerem parangonas nos quatro cantos do mundo e a marcarem o início de uma nova era.

Políticas, ideologias e contestações à parte, o mundo automóvel também abanou não apenas nos idos de Maio, mas ao longo de todo o ano de 1968, com várias marcas automóveis de todo o mundo a lançarem mais de quatro dezenas de novos veículos nesse ano, alguns deles a fazerem história, outros nem por isso.

Agora que o mês de maio já terminou e que o verão se prepara para chegar (esperamos, porque parece que o tempo já não é o que era), recordamos (por ordem alfabética) os vários modelos nascidos em 1968.

A viagem começa precisamente pela Europa, por Itália, com o Alfa Romeo 1750 Berlina, um carro executivo que foi produzido até 1977. Cruzando o Atlântico até aos Estados Unidos, deparamo-nos com duas propostas distintas da AMC, American Motors Corporation. O AMX, que na Austrália também deu pelo nome de Rambler AMX, produzido até 1970, e o Javelin, que no Velho Continente dava pelo nome de Javelin 79-K e cuja produção durou até 1974. Da Alemanha, o incontornável Audi 100 e o 100S Coupé. Com uma longevidade que o levou até 1994, o modelo germânico contou com quatro gerações diferentes ao longo da sua vida.

Passando à letra que se segue, voltamos a Itália para recordarmos os Bandini Saloncino. Trata-se de um desportivo da Bandini introduzido no Salão Internacional de Turim, com motor de 987cc capaz de debitar 105 cv. Da Baviera, chegou-nos o BMW E9, mais comummente conhecido como New Six Coupé, que hoje se traduz na Série 6. Foi também o modelo que deu origem à tradição dos afamados Art Cars da BMW, pintados por artistas de renome mundial. De Terras de Sua Majestade surgiu o Bristol 410, um V8 cuja produção se estendeu ao longo de apenas dois anos.

De França, o mítico Citroën Méhari, ao qual já dedicámos particular atenção. Meio século depois de ter levado milhares de jovens em aventuras na praia, ou no campo, o modelo renasce agora em versão elétrica com a mesma promessa de aventura e versatilidade.

A britânica Daimler apresentou o DS420, uma limousine cuja produção se estendeu até 1992 e que foi utilizada pelas casas reais de Inglaterra, Dinamarca e Suécia. Do Império do Sol Nascente surgiu o Datsun 510, para alguns conhecido como Bluebird, e que foi comercializado até 1973. Curiosidade sobre este carro, G.D. Levy, da AutoWeek, considerou-o o BMW dos pobres dada a inspiração que ia buscar ao 1600-2 da marca bávara. De novo em Itália, surge o Dino, o pequeno Ferrari (ou FIAT, dependendo das opiniões) que teve direito a marca própria e que, por ter os motores produzidos na sede da FIAT, recebeu a alcunha de “Ferrari de Turim”.

Também com chancela Ferrari, mas de Maranello, o Daytona, cuja produção se estendeu até 1973. Já a Ford foi responsável pela introdução de três modelos diferentes. O primeiro, o Corcel, produzido no Brasil até 1986 e exclusivo do país até finais de 1977. Do outro lado do mundo, da Austrália, veio o Falcon, com uma produção de apenas 16 meses. Mais longa foi a longevidade do Torino, modelo introduzido pela casa mãe e cuja produção se limitou ao continente norte-americano.

De volta a Inglaterra, a Essex, surge o Ginetta G15, que contou com uma produção de cerca de 800 unidades até 1974. A Holden, a subsidiária australiana da General Motors, ou a “maneira de dizer Opel” nos antípodas, apresentou o HK que tinha como particularidade dar também pelos nomes de Monaro e Kingswood, dependendo da carroçaria do mesmo ou do estado australiano em que era comercializado.

A Isuzu introduziu o 117 Coupé, modelo cuja vida só terminou em 1981, enquanto a Jaguar deu a conhecer ao mundo o XJ, um modelo que ainda hoje está em comercialização após várias renovações de visual (pode também ver a versão especial "Greatest Hits").

Os transalpinos da Lamborghini lançaram dois modelos memoráveis: o Espada e o Islero, o primeiro a ser produzido ao longo de dez anos. Menos conhecidos são os também italianos LMX Sirex, ou Sirex LMS, e o Lombardi Grand Prix.

A Maserati colocou na estrada o Indy, com a Mercedes-Benz a lançar os vários modelos da série 200, conhecidos como W114 e W115, e também o 300 SL, ou W109. Já Mercury, uma marca do universo Ford, apresentou o Montego, cujo nome evoca a Baía de Montego, na Jamaica. A primeira vida do modelo terminou em 1976, com o renascimento a dar-se depois em 2005 e durar apenas mais dois anos.

Incontornável, o Morgan Plus 8. O modelo britânico ainda hoje está em produção, com as linhas iguais às de há 50 anos, se bem que agora já numa segunda fase de vida após o reatar da produção 2012, depois de oito anos de interregno.

A Nissan foi responsável pela introdução do Laurel, enquanto a Opel criou o fantástico GT. Um desportivo de dois lugares produzido até 1973. A marca germânica deu nova vida ao modelo em 2007, mas foi sol de pouca dura, com a produção a terminar dois anos depois.

A francesa Peugeot criou o 504, que na Nigéria foi produzido até 2006, isto depois da casa mãe o ter descontinuado na Europa em 1983. A norte-americana Plymouth lançou o Road Runner, um “muscle car” que viveu até 1980.

A Renault introduziu o 6, que sobreviveu até 1986 e viria depois a dar lugar ao memorável Renault 5. A SEAT, na altura a subsidiária da FIAT idealizada por Franco para dar níveis de produção à Espanha, lançava o 124, cuja vida se estendeu até 1980.

A nipónica Toyota apresentava dois modelos bem distintos. A carinha de trabalho Hilux e o familiar Mark II. A primeira ainda hoje se produz e vai na oitava geração, enquanto o segundo, também conhecido como Cressida, chegou ao fim de vida em 2004. A inglesa Triumph lançou o TR5, enquanto a Volkswagen deu a conhecer o Type 4, ou 411, e a Volvo deu início à produção do 164, que mais tarde daria lugar ao 264.

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