Estava-se em 1947 quando a Citroën apresentou no Salão de Paris o Type H, um dos mais icónicos modelos da marca pela sua funcionalidade e resistência, num período em que França precisava de veículos para desenvolver o setor produtivo.
Setenta anos depois, os designers Fabrizio Caselani e David Obendorfer fazem ressurgir este mítico modelo através de um kit estético concebido para o Citroën Jumper que transporta vários elementos do Type H original, com destaque para a enorme grelha dianteira retangular, o logo da marca na frente, os grupos óticos e a chapa ondulada que percorre toda a carroçaria.
Este kit criado pela FC Automobili que contempla as diversas utilidades que o Type H oferecia, vai estar disponível em várias funções onde se inclui uma furgoneta, uma “food truck”, um minibus e uma versão de campismo.
Quanto a motorizações, a reinterpretação contemporânea do Type H será equipada com as mesmas do Citroën Jumper atual, os blocos HDI de 110 ou 160 cv, um aumento significativo relativamente às antigas propostas diesel de 51 ou 56 cv da versão original.
De acordo com a informação divulgada pela FC Automobili, apenas 70 destes kits deverão ser produzidos, sendo que a transformação dos Jumper será feita, artesanalmente, em Itália, onde apenas será feita a comercialização do novo Type H.
Do pós-guerra à década de 80
Depois de oito estudos e um caderno de encargos que privilegiava a produção de um modelo económico e polivalente, adaptável a múltiplas funções, nasce o mais extraordinário veículo utilitário francês do pós-guerra que recebeu a denominação H em função da capacidade de carga útil e da sua carroçaria, tendo existido diversas variantes.
Produzido ao longo de 33 anos, entre 1948 e 1981, o Citroen Type H marcou uma época sobretudo em França, Bélgica ou Holanda, mas também em Espanha e Portugal.
Por essa Europa fora muitos ainda se recordam deste modelo único de carroçaria versátil, desde a versão de caixa aberta a outras mais específicas para ambulância, atividades comerciais mas também para os mais diversos serviços públicos, desde os correios, bombeiros, policias ou hospitais.
Portugal também não foi exceção, com o Citroen Type H a servir as mais diversas atividades, como no caso das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian ou da câmara de Lisboa ou de empresas como a Autosil, Cidla, CRGE, Grandela, Sonap, Sagres, Ucal , Tinturaria Portugália e Ministério das Finanças.
A história do Type H termina a 14 de dezembro de 1981, em Aulnay, com a saída do nº de série 473289, que marca o record de longevidade e de produção para um utilitário, cujas linhas retro continuam a seduzir sobretudo com a moda do conceito “street food” em que estes veículos começaram a ser muito procurados e valorizados.
É curioso observar com o número 8 esteve sempre presente na longa vida do Citroen Type H: foram 8 os estudos que estiveram na sua origem; foi em 1948 que começou a ser produzido e foi no início da década de 80 que o modelo foi descontinuado. E, se olharmos para o derradeiro número de série também lá está o 8...