Quando no outono de 1968 a Volvo resolver avançar com a produção do 164, Jan Wilsgaard, designer-chefe da marca sueca, decidiu manter para este novo modelo o chassis da gama 140 e usar a frente criada para o tal projeto 358 do final dos anos 50. O chassis do 140 seria alargado em mais 10 cm do pára-brisas para a frente de modo a criar mais espaço para o novo motor B30 de 3.0 litros em linha, com 6 cilindros e 145 cv de potência.
Desde o início que o 164 tinha dois carburadores, sendo mais tarde disponibilizado com injeção de combustível. Foi a primeira vez, em 10 anos, que a Volvo pode oferecer um carro de 6 cilindros. A última vez tinha sido quando foram construídos os táxis da Série 830. No entanto, para os carros destinados aos compradores privados, há já quase 20 anos que a Volvo não tinha carros com 6 cilindros, desde que cessou a produção do PV60 em 1950.
Resolvidas as questões mais técnicas, havia que pensar nos detalhes que se queriam mais luxuosos que os do 140, conferindo ao novo modelo um perfil exclusivo como a marca pretendia. Ao nível do habitáculo, as opções passaram pela escolha de um tecido grosso de lã para revestir os assentos, tapetes de tecido e banco traseiro projetado para duas pessoas, com um apoio de braço suspenso no centro.
Quanto ao exterior, um dos principais destaques ia para o facto do 164 exibir uma dianteira que lhe dava um estilo muito próprio e conferia prestígio devido à grelha de dimensões generosas, sem dúvida uma das suas grandes ima-gens de marca.
Após o primeiro ano de produção, foram feitas mais melhorias no 164 com introdução de estofos em couro, lâmpadas de halogéneo e encostos de cabeça. Nos EUA, o modelo possuía ainda vidros elétricos, teto panorâmico, ar condicionado e vidros escurecidos.
Em Julho de 1969, quando a revista Americana Car and Driver ensaiou o novo Volvo podia-se ler: "O Volvo para o qual as pessoas estão a olhar rouba visitantes aos showrooms da Buick, da Oldsmobile e da Mercedes, e isso está a acontecer. Os novos clientes da Volvo são vários tipos de profissionais – doutores, advogados, dentistas… pessoas que têm capacidade para algo diferente."
Numa altura em que o Volvo 164 comemora 50 anos de vida, vale a pena conhecer alguns factos ligados à sua história, como o facto de apenas uma unidade ter sido transformada em ambulância. Este veículo seria o percursor de várias ambulâncias criadas mais tarde pela marca, tendo como base o Volvo 265.
A produção do Volvo 164 foi deslocada para Kalmar em 1974 (um ano antes da última versão do modelo ter sido construída), porque a nova fábrica da marca apresentava métodos de produção bastante avançados para a época. Os automóveis deslocavam-se em carrinhos operados por baterias e eram controlados por operadores. Foram constituídas equipas de montagem, que tinham capacidade de rodar em torno de várias tarefas de produção.
O protótipo do coupé de luxo Volvo 262C foi produzido em Itália e baseava-se no 164, com o construtor italiano Coggiola a converter o modelo num coupé de duas portas parecido com o modelo de produção.
O motor B30 de 6 cilindros que equipava o 164 foi também utilizado em alguns veículos militares da Volvo. Uma versão marine do motor B30, com três carburadores, foi também produzido pela Volvo Penta.
O construtor italiano Zagato tinha em exposição no Salão de Genebra de 1970 o 3000 GTZ sports coupé. Este protótipo tinha o motor B30 e mecanicamente baseava-se no modelo 164. Existem rumores de que o protótipo ainda existe.
Este modelo que ocupa lugar de destaque na história da marca, foi produzido entre 1968 e 1975 num total de 146.008 unidades. A maioria dos carros produzidos durante o último ano foram exportados para os EUA. Ainda nesse ano, o modelo sucessor - Volvo 264 - já tinha iniciado a sua produção.