De Cascais rumo ao título da Fórmula E

| Revista ACP

António Félix da Costa fez história ao tornar-se no primeiro português a vencer a competição de monolugares elétricos da FIA.

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Apesar da forte ligação da família aos automóveis, há 29 anos, a 31 de agosto, em Cascais, ninguém diria que se tinha assistido ao nascimento do Campeão do Mundo da Fórmula E, a primeira competição elétrica de velocidade em monolugares. Mas foi isso mesmo que aconteceu.

E a caminhada para os títulos começou cedo para António Félix da Costa, que entrou para o Karting, essa incontornável plataforma para todos os grandes pilotos de velocidade, com nove anos, em 2000, e volvidas seis épocas se sagrou Campeão Nacional da modalidade.

Daí à internacionalização foi um passo, com o título da Europa do Norte na Fórmula Renault 2.0 a surgir em 2009. Uma conquista que abriu a porta da Fórmula 3 ao “Formiga” no ano seguinte e que acabou mesmo por levar ao primeiro teste na Fórmula 1 que, aliás, terminou com o terceiro melhor tempo.

Dois anos mais tarde, de novo em Macau para mais uma participação no incontornável Grande Prémio, Félix da Costa levou de vencida a F3, tornando-se no primeiro português a fazê-lo desde a primeira edição do GP de Macau, em 1954.

Todos olhavam para o jovem piloto português e viam-no já na Fórmula 1, ainda para mais depois de mais um teste com a Red Bull. Mas a verdade é que tal não estava escrito e o “Formiga” acabou por se ver relegado para o DTM. Um balde de água fria para quem já tinha feito o banco para a categoria rainha do automobilismo.

Mesmo assim, António Félix da Costa não desarmou e entrou para a então nova Fórmula E, na altura com Aguri e depois com a BMW, que resolveu aposta na disciplina. As coisas não correram da melhor forma, mesmo assim o português apresentou o bastante para ser chamado pela a DS Techeetah para fazer dupla com o Campeão do Mundo Jean-Éric Vergne nesta época 2019/20, a sexta da Fórmula E.

Foi um verdadeiro virar de página, com o “Formiga” a conquistar pódios e a arrasar em Marrakesh com uma avassaladora vitória por mais de 11 segundos de margem. Contudo, em finais de fevereiro, inícios de março, o desporto automóvel e o mundo travaram a fundo com a pandemia do Coronavírus e tudo ficou em suspenso durante praticamente seis meses.

Uma eternidade para quase todos, mas para Félix da Costa parece mais ter sido umas poucas semanas; o português voltou tão, ou mais forte do que estava aquando da paragem e assinou desde logo duas vitórias consecutivas nas primeiras duas corridas da maratona final de seis provas da Fórmula E a disputar todas em Berlim.

Dois resultados brilhantes, o primeiro deles com o pleno de pole position, volta mais rápida e vitória, que o deixaram às portas do título. Um título que só não surgiu logo na terceira corrida disputada na capital germânica porque Félix da Costa se ficou por um quarto lugar.

Nada que o tenha afetado. Na prova seguinte o português voltou a mostrar toda a sua mestria e, mais importante, revelou que sabe a importância de correr para um objetivo maior, abdicando da vitória, a que teria sido a quarta da época, para garantir o título com o segundo lugar. Não era preciso mais!

Seguiu-se a festa e as mais que merecidas felicitações de todas as áreas para um “jovem piloto de muito talento e com todo o mérito numa disciplina do automobilismo cada vez mais competitiva e em ascensão”, como o Automóvel Club de Portugal fez questão de frisar no próprio dia da glória.

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