O CEO da Renault e presidente da Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA), Luca de Meo, enviou esta terça-feira uma carta aberta aos decisores políticos europeus apelando a uma maior cooperação para competir com os fabricantes chineses de veículos eléctricos.
"Acredito que podemos alcançar os nossos objectivos através de esforços conjuntos e parcerias entre os sectores público e privado", escreveu de Meo na carta, que foi redigida em várias línguas em antecipação das eleições parlamentares europeias de junho.
"Com a Airbus, já vimos o que a Europa pode fazer", acrescentou, referindo-se ao construtor aeronáutico que tem partes interessadas e opera em vários países europeus.
"A transição ecológica é um desporto de equipa", afirmou de Meo. "Sob pressão dos mercados financeiros, os fabricantes europeus são muitas vezes forçados a concentrar-se nos lucros a curto prazo em vez de fazerem os investimentos necessários para o longo prazo. A China resolveu o problema consolidando todas as suas forças, incluindo as instituições financeiras, em torno de um único objetivo".
A indústria automóvel europeia está a preparar-se para a chegada ao continente de modelos chineses mais baratos e com tecnologia superior de baterias para veículos eléctricos.
Para contrariar esta situação, de Meo recomenda o lançamento de dez grandes projectos europeus em áreas estratégicas, como os veículos pequenos, o carregamento inteligente e o fornecimento de materiais críticos.
Defende igualmente a criação de zonas económicas verdes inspiradas nas zonas económicas especiais da China, proporcionando uma combinação de subsídios e investimentos aos fabricantes de veículos eléctricos durante dez anos.
Mas embora a União Europeia tenha aberto uma investigação para apurar se os fabricantes de automóveis chineses beneficiam de subsídios governamentais injustos, de Meo escreveu que "é também vantajoso para a Europa aprender com os fabricantes chineses, que estão uma geração à frente em termos de desempenho e custos dos veículos eléctricos".
"As relações com a China terão de ser geridas", acrescentou. "Fechar-lhes completamente a porta seria a pior resposta possível".