ACP-BP

Pub

Bugatti celebra 110 anos com carro de 11 milhões

| Revista ACP

A marca francesa de desportivos de luxo celebra aniversário com estilo, criando o carro novo mais caro do mundo.

bugatti 01

“A perfeição nunca pode ser alcançada,” considerava Ettore Bugatti. Contudo, ao olhar para as linhas das suas criações é difícil vislumbrar a veracidade da afirmação, pelo menos para os mortais de nós que não têm em si a capacidade de colocar no papel, e passar depois à prática, criações do calibre das deste italiano radicado em França.

E a verdade é que a busca dessa mesma perfeição foi sempre uma das maiores preocupações de Bugatti, como é bem patente em carros como o Type 35, o Type 41, o Type 57 e, principalmente, o Type 57 SC Atlantic, carro já projetado pelo filho, e que serviu agora de inspiração para o novo modelo de mais de 11 milhões de euros com que a marca assinala o 110º aniversário, sendo já considerado por alguns o carro novo mais caro do mundo. 

Jean Bugatti, tal como a marca, nasceu há 110 anos e começou a trabalhar com o pai ainda jovem, dando início a uma revolução na política de produção de modelos da marca por volta de 1930, com apenas 21 anos, abandonando o conceito de construção de vários modelos e optando antes pelo desenvolvimento de um só modelo base do qual derivavam várias variantes.

A aposta no Type 57 começou com uma versão de produção e uma desportiva, o derradeiro Grand-Tourisme, com carroçarias como Galibier (uma berlina de quatro portas), o Stelvio (descapotável), o Ventoux (berlina de duas portas) e o Atalante (coupé). Ao todo foram produzidas cerca de 800 unidades, um número bem diferente dos apenas quatro Atlantic que foram produzidos e dos quais restam apenas três.

A origem destas obras de arte está no protótipo Aérolithe, também conhecido como Coupé Special ou Coupé Aero, um carro com a carroçaria feita Elektron, uma liga metálica usada na aviação composta por 90% de magnésio e 10% de alumínio. Um material leve, muito resistente, mas difícil de trabalhar e que não pode ser soldado, uma característica que acabou por determinar a imagem de marca dos quatro Atlantic que se seguiram: a “costura” dorsal que percorre todo o carro de uma ponta à outra juntando as duas metades da carroçaria com rebites.

Feitos a pensar nos seus donos, estes quatro Atlantic apresentam todos características diferentes. O primeiro, de 1936, de cor azul acinzentado e sem sobrealimentação, foi vendido ao banqueiro britânico Victor Rothschild (chassis 57 374) e é conhecido como “Rothschild Atlantic”. O terceiro, produzido em 1936 (chassis 57 473), foi vendido a um francês de nome Jacques Holzschuh. Este “Holzschuh Atlantic” foi depois comprado por um colecionador que acabaria por morrer num acidente. O carro ficou muito danificado, mas acabou por ser totalmente recuperado, exceção feita ao motor. O último SC 57, o “Pope Atlantic” (chassis 57 591), foi produzido em 1938 e é agora propriedade do estilista Ralph Lauren.

Perdido continua o segundo SC 57, o chassis 57 453, conhecido como “La Voiture Noire”. Propriedade de Jean Bugatti, a história deste carro é muito pouco conhecida e o último registo do mesmo é de 1938. Há quem pense que possa ter sido vendido a um piloto amigo de Jean, mas o mais provável é que o mesmo tenha sido algures na França na sequência da invasão Nazi da II Grande Guerra. Se for encontrado, o valor rondará os 110 milhões de euros.

Cerca de oito décadas depois, a Bugatti inspira-se precisamente neste carro icónico para criar um automóvel único, a “Voiture Noire” do século 21, máquina com que assinala os 110 anos de existência e, também, os 110 anos sobre o nascimento de Jean Bugatti.

E é fácil ver as origens da inspiração desta obra de arte. A linha longitudinal que divide o carro a meio, uma clara alusão à “costura”, ou “espinha dorsal” do 57 SC, a forma como os guarda-lamas interagem com o resto da parte frontal do carro, fazendo lembrar, de frente, também o 57 SC, ou os seis tubos de escape na zona central da traseira. Tudo homenagens, reinterpretações da obra de arte original de Jean Bugatti. E o motor não foge à regra, com um bloco W16 de 8 litros capazes de debitar uns impressionantes 1.500 cv de potência e um binário de 1.600 Nm!

Em suma, um clássico logo à nascença e com um preço à altura... 11 milhões de euros (antes de impostos) e já está vendido!

scroll up