O Hispano-Suiza H6C Torpedo de 1925, que pertenceu a Alves dos Reis, o maior falsificador da História Portuguesa, chegou da Holanda para participar no Concurso de Elegância do ACP, na categoria Grand Sport. Mas antes, e 93 anos depois, voltou a percorrer a mesma rua (Rua do Crucifixo) onde em 1926 foi leiloado em hasta pública depois do esquema financeiro de Alves dos Reis ter sido descoberto (ver galeria de imagens).
Este carro é um raro exemplar avaliado quase num milhão de euros e pertence a um colecionador holandês, depois de passar por vários proprietários desde 1926, quando foi vendido depois do burlão português ter sido preso.
O regresso a Portugal deste Hispano-Suiza recorda ainda a história de Alves dos Reis que no início da década de 20 fez circular de forma ilegal mais de 200 mil notas de 500 escudos, quantia que na época correspondia a 1% do PIB português.
O plano resultou quando o autor da burla conseguiu falsificar assinaturas para conseguir de forma ilegítima que a Waterlow & Sons Limited, a casa impressora do Banco de Portugal (BdP) emitisse 200 mil notas de um lote não autorizado do BdP. As notas eram autênticas e apresentavam numa das faces a efígie de Vasco da Gama.
O vigarista recebeu a primeira entrega de notas em fevereiro de 1925, mas só foi preso em dezembro desse ano, cumprindo uma pena de 20 anos. Foi libertado em 1945 e voltou a reincidir ao burlar em 60 mil escudos (299,27€) um negociante de Lisboa a quem prometera 6.400 arrobas de café angolano, que não existia. Em 1955 voltou a ser condenado a mais quatro anos de prisão, pena que não chegou a cumprir, ao morrer de ataque cardíaco a 9 de junho de 1955, na pobreza.