No seguimento do parecer e da posição negativa do Automóvel Club de Portugal sobre as alterações ao trânsito no Marquês de Pombal e na Av. da Liberdade, passados mais de dois meses de funcionamento à experiência, foi elaborado um estudo com especialistas de mobilidade.
A conclusão é unânime: não há vantagens para ninguém.
• Não interessa aos automobilistas porque o sistema está mais complicado, é menos flexível e continua com os mesmos congestionamentos de trânsito ainda agravados na subida da Av. da Liberdade com a eliminação de uma das vias para o trânsito geral.
• Não interessa aos peões nem aos turistas porque continuam a cruzar as vias rodoviárias entre as várias secções das alas arborizadas sem qualquer proteção, originando situações de grande insegurança.
• Não interessa ao ambiente porque o tráfego, que tem como linha de desejo o eixo da Av. da Liberdade, já foi reduzido a metade podendo considerar-se cativo desde as limitações implementadas na Baixa já em 2008. Constata-se que com as alterações impostas, parte deste tráfego tem-se servido e congestionado os eixos secundários paralelos à Av. da Liberdade. As situações de congestionamento têm-se feito sentir com maior intensidade a Leste, no eixo formado pelas Rua da Madalena/Rua de São Lázaro/ Rua Luciano Cordeiro e a Oeste, no eixo Rua da Escola Politécnica/Rua D. Pedro V/ Rua da Misericórdia. Embora as análises da qualidade do ar feitas pela Universidade Nova, antes e depois, apontem para uma diminuição na emissão de alguns poluentes, note-se, conforme referido pelos especialistas, que essa análise "tem um caráter muito preliminar, dado o período muito reduzido para esta comparação", recordando que a qualidade do ar "é influenciada por diversos fatores com grande variabilidade", como a meteorologia. Refira-se que em dias de chuva, os limites de poluição nunca são ultrapassados mesmo sendo dias tipicamente com maior carga de tráfego. Recorde-se que este período experimental tem sido significativamente chuvoso contrariamente ao período de verão deste ano ou mesmo comparado com o mesmo período do ano passado que foi de seca. Mesmo que os valores apontem para uma diminuição da poluição na Av. da Liberdade, no cômputo geral, certamente não diminuíram devido ao forte impacto dos congestionamentos de trânsito ocorridos nos já referidos eixos paralelos.
o Na opinião do ACP seria muito mais eficiente que o sistema semafórico de controlo de tráfego estivesse interligado a um sistema de sensores de poluição, que quando os limites máximos de poluentes fossem ultrapassados, a própria gestão de tráfego limitaria as entradas nas zonas poluídas e ao mesmo tempo daria alertas, em tempo real, de forma a que os automobilistas pudessem evitar os eixos mais poluídos.
• Não interessa aos lojistas da Av. da Liberdade porque as alterações de trânsito afastam os potenciais clientes, facto que se comprova pela grande redução das vendas.
• Não interessa aos taxistas porque para aceder a determinado troço necessitam de percorrer percursos muito mais complexos e congestionados, com os consequentes gastos de combustível e de tempo.
• Não interessa aos ciclistas porque partilham uma via com os transportes coletivos altamente poluentes.
• Não interessa aos transportes públicos rodoviários porque, ao partilharem a sua via reservada BUS, perdem velocidade comercial e atratividade da oferta.
• Nem sequer interessa à polícia de trânsito e à autarquia que a financia pela quantidade brutal de recursos humanos e materiais que necessita de despender com este esquema de circulação demasiado complexo e inflexível, quando seriam bem mais úteis noutros locais da cidade.
Por todas estas razões, o ACP considera que não existe interesse na manutenção das alterações impostas pela Câmara de Lisboa e apela à reposição imediata do sistema anterior.
Lisboa, 12 de Dezembro de 2012.
Consulte aqui o parecer e as soluções alternativas propostas pelo Automóvel Club de Portugal.