Falecido em dezembro de 2021 aos 96 anos de idade, Vasco Callixto foi um jornalista e escritor que se destacou, sobretudo, em áreas como as viagens e o automobilismo. Começou a colaborar com a imprensa portuguesa na década de 1940, tendo sido considerado um dos pioneiros do jornalismo de viagens. Vasco Callixto deu a volta ao mundo, foi o primeiro português a alcançar o Cabo Norte (Noruega) de automóvel e visitou mais de 70 países. Esse prazer de escrever sobre automobilismo e sobre viagens ficou registado em cerca de 50 livros, publicados a partir dos anos 1960.
Uma longa carreira agora recordada pelo centenário do seu nascimento numa sessão que decorreu no ACP em parceria com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, o Aero Clube de Portugal, a Câmara Municipal da Amadora, a Câmara Municipal de Torres Vedras e a família do homenageado.
Na abertura da sessão de homenagem, Carlos Barbosa, presidente do ACP, começou por destacar a forte ligação de Vasco Callixto ao clube através do seu avô paterno Carlos Callixto, um dos membros fundadores do ACP, mas também recordou o homem dedicado à família e às viagens, muitas delas realizadas com a ajuda do mapa do ACP. A longa colaboração de artigos de viagens e histórias dos presidentes do clube ou as diversas apresentações dos seus livros feitas nas instalações da sede do clube também foram lembradas nesta homenagem.
Ao gosto pela escrita, Vasco Callixto acrescentou a paixão pela aviação, como lembrou o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP), José Ribeiro e Castro. “Era um grande entusiasta em tudo o que fazia até na história da aviação, uma área a que também se dedicou. Até porque Vasco Callixto era natural da Amadora, que no passado esteve muito ligada à aviação no início do século XX. Por isso, sempre ambicionou para a cidade onde nasceu e viveu um monumento alusivo ao contributo que a Amadora deu à aviação. Se um dia isso for concretizado é um legado de Vasco Callixto”, afirmou.
Também António Callixto, filho do homenageado, recordou as muitas viagens de carro que fez com a família. “Lembro-me especialmente da viagem que fizemos de Lisboa a Moscovo na década de 60, quando não existiam relações diplomáticas com a União Soviética. Uma aventura mesmo para os dias de hoje. E estamos a falar de um tempo em que não havia internet e os mapas em papel eram fundamentais para se fazerem viagens, como o do ACP no caso de Portugal. Os outros iam-se adquirindo nos países por onde passávamos”.
Para João Carlos Callixto esta homenagem “foi muito emotiva por refletir uma história familiar muito ligada ao ACP. O avô paterno do meu avô foi um dos fundadores do clube. Décadas depois o meu avô Vasco Callixto continuou essa ligação ao clube ao colaborar com a revista, também foi aqui que lançou muitos dos seus livros e participou em tantas sessões comemorativas como no centenário do ACP que decorreu na Sociedade de Geografia em 2003, onde leu a primeira ata escrita do avô dele. Por tudo isto, esta foi uma homenagem que decorreu num sítio muito especial e numa data muito especial, a comemoração dos 100 anos do seu nascimento”.
Vasco Callixto também foi um dos sócios a doar os mais diversos objetos ao ACP, como documentos antigos ou placas comemorativas de diversas provas. Uma das suas mais recentes ofertas aconteceu em 2020 e foi um antigo tinteiro de prata em forma de automóvel do início do século XX. "Este tinteiro acaba por estar ligado ao meu pai e ao meu avô que foram íntimos do ACP, mas agora entendi que o ACP seria o lugar certo para o entregar", afirmou no momento da doação.