Porquê Coimbra?
Coimbra é desde há séculos conhecida como o centro intelectual português. Situada à beira-rio, na região Centro de Portugal, serviu durante longas décadas como a capital do país. A cidade alberga uma preservada e medieval cidade cheia de lugares icónicos, tendo como exemplo a ilustre Universidade de Coimbra — a primeira portuguesa —, cujo legado cultural foi reconhecido em 2013 como Património Mundial da UNESCO. A Universidade, construída no local de um antigo palácio, é célebre pela sua biblioteca de estilo barroca, a Biblioteca Joanina, e pela torre de sino oriunda do século XVIII. Outro exemplo encontra-se na cidade velha, a Sé Velha, uma catedral românica do século XII.
Presente na popular tradição portuguesa, Coimbra é uma cidade de contos, de fantasias e de romances perdidos. Foi aqui que aconteceu a história de amor de D. Pedro IV com a fidalga Inês de Castro. O cenário foi a Quinta das Lágrimas, que, ao longo dos anos, tem atraído centenas de turistas dos quatro cantos do mundo. Hoje, é considerada a paragem mais romântica de Portugal.
Conhecer a história
Da época islâmica perdurou a denominação dada ao interior da cidade intramuros, a almedina, e extramuros, o arrabalde. Em 1064, a cidade foi reconquistada definitivamente pelos cristãos sob o comando de D. Fernando I, o Magno, ficando o governo da região entregue a D. Sesnando, que a reorganizou a nível económico e administrativo.
Os condados de Portucale e de Coimbra foram depois entregues ao conde D. Henrique, que tinha como principal tarefa de expandir as linhas de fronteira do condado, que confrontavam o território islâmico. Com a sua morte, em 1112, fica D. Teresa como condessa de Portucale e de Coimbra, condados que entretanto se unificaram.
O filho de D. Henrique e D. Teresa, D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, instalou a sua corte em Coimbra, passando esta a ser a cidade sede do reino. O século XII foi um período áureo para a cidade. Bem localizada com terrenos férteis, e ainda com um bom porto fluvial, Coimbra tinha entre a sua população um número considerável de magnatas, infanções, cavaleiros e membros do alto clero. D. Afonso Henriques impulsionou a construção de vários edifícios e mandou erguer muralhas. No sentido de confirmar e reforçar o poder do Concelho, D. Afonso Henriques concede à cidade uma carta de foral em 1179.
Em 1537, a Universidade instala-se definitivamente em Coimbra por ordem de D. João III. Acabaria por se instalar no Paço Real, na Almedina ou Alta da Cidade. A aquisição definitiva do edifício acabou por se efetuar apenas em 1597. Várias campanhas de alteração e enriquecimento, efetuadas ao longo dos séculos seguintes, marcaram este conjunto de edifícios, no qual se encontra o património mais significativo da cidade de Coimbra. Já no século XVIII, o Marquês de Pombal empreendeu uma grande reforma na Universidade, que implicou, além da remodelação curricular, a criação de edifícios destinados às novas faculdades orientadas para um ensino mais prático e experimental.
No contexto nacional da Regeneração, durante a segunda metade do século XIX — e sobretudo por iniciativa da autarquia — implementaram-se infraestruturas e criaram-se equipamentos coletivos que permitiram o crescimento e o desenvolvimento da urbe, como por exemplo o cemitério da Conchada, o caminho de ferro, a edificação do Mercado D. Pedro V, a construção da ponte da Portela e da nova ponte metálica, assim como os arranjos urbanísticos da baixa e beira rio.
Já no século XX, a cidade cresceu a um nível nunca antes visto. A construção civil tornou-se numa atividade económica com um progresso significativo. Coimbra passou a ser constituída pelos pequenos burgos, que rodeavam a cidade com novas ruas e arruamentos a interligá-los. Desta forma, surgem locais como Montes Claros, Arregaça, Cumeada e Calhabé ou Solum.
Ao longo das décadas de 60, 70 e 80, a expansão do espaço urbano consolidou-se e apareceram os prédios residenciais em novas zonas da cidade. Este crescimento foi acompanhado pela construção de novas vias de comunicação de infraestruturas. O núcleo primitivo da cidade ficou essencialmente ocupado pelo comércio e prestação de serviços, tendo vindo a perder a sua função inicialmente residencial. A Universidade acompanhou a expansão, mas mais para as novas zonas da cidade com a construção de novos polos — Polo II na Quinta da Boa Vista e Polo III em Celas —, colaborando e impulsionando este movimento de evidente crescimento urbano. A cidade construiu-se em redor de um património com um alto valor arquitetónico, cultural e natural de grande interesse, refletindo os grandes momentos históricos não restritamente de Coimbra, mas de Portugal.
Em busca dos sabores
A gastronomia de Coimbra atrai os mais variados paladares. Há vários restaurantes que oferecem pratos populares com o bacalhau como figura principal e os vinhos portugueses como devidos acompanhantes.
A Chanfana (cozido de carne de cabra), o leitão assado e o arroz de lampreia são alguns dos pratos mais conhecidos que encontrará em locais mais tradicionais e rústicos, muito característicos da região. Mas em Coimbra também há doces — bastantes, aliás. As arrufas, os pães-de-Deus, o arroz docem a sopa dourada das freiras de Santa Clara, o pudim de ovos, as queijadas, as espigas de milho e os inconfundíveis pastéis de Tentúgal são alguns exemplos que lhe vão fazer voltar para mais.
Chanfana
Arroz de lampreia
Onde ficar
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Outras perspectivas
Coimbra é uma verdadeira cidade sob uma cidade. Em cada canto, há um diferente ponto de atração que muda o cenário e aumenta o interesse de quem visita. Cidade dos estudantes, da eterna saudade, das lembranças e das canções: vários são os motivos para marcar por cá umas férias. Além dos sítios mais conhecidos, é importante salientar a visita a estes:
Biblioteca Joanina
A Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, que substituiu a antiga Casa da Livraria Universitária, deve o seu nome ao monarca que a mandou erigir em 1717. D. João V, o Magnânimo, conhecido como o grande patrono da cultura, da ciência e das artes, fez desta biblioteca um testemunho notável da política cultural do rei. No pórtico do elegante edifício, com quatro colunas de estilo jónico, destaca-se o majestoso escudo real, barroco, traduzindo o espírito de magnificência característico do mais auspicioso reinado da história de Portugal.
Neste edifício de três andares, dois dos quais subterrâneos, as paredes cobertas de estantes guardam milhares de exemplares, com destaque para obras de medicina, geografia, história, estudos humanísticos, ciências, direito civil e canónico, filosofia e teologia.
No cofre da Biblioteca Joanina encontram-se exemplares de extrema raridade, como uma primeira edição dos Lusíadas, uma Bíblia Hebraica, editada na segunda metade do século XV, de que apenas existem cerca de 20 exemplares em todo o mundo; ou ainda a Bíblia Latina das 48 Linhas – assim chamada por possuir, exactamente, 48 linhas por página – impressa em 1462 por dois sócios de Gutenberg, considerada a mais bela das primeiras quatro bíblias impressas.
Construída sobre uma prisão medieval, que mais tarde foi prisão académica, a Biblioteca Joanina dá ainda hoje acesso aos subterrâneos, que podem também ser visitados.
Museu Nacional Machado de Castro
O Museu Nacional de Machado de Castro é um dos mais importantes museus de Belas-Artes de Portugal. Foi assim denominado em homenagem ao destacado escultor conimbricense Machado de Castro. O seu espólio inclui importantes núcleos de escultura, pintura e Artes decorativas. Ocupa as antigas instalações do Paço Episcopal de Coimbra e um amplo edifício novo, inaugurado em 2012. Localiza-se no Largo Dr. José Rodrigues, freguesia da Sé Nova, Coimbra.
Está integrado desde 2013 na área classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade da Universidade de Coimbra - Alta e Sofia.
Um dia em Coimbra
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