Formada em 2021 após a fusão da Fiat Chrysler e da PSA francesa, desde então a Stellantis teve o português Carlos Tavares como diretor executivo. O fim desse “reinado” estava previsto para 2026 com o fim do seu mandato, estando até a Stellantis já a procurar o seu sucessor.
Porém, o pedido de demissão apresentado por Carlos Tavares — já aceite pelo conselho de administração da Stellantis presidido por John Elkann —precipitou este cenário.
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Apesar de ter sido elogiado pelo seu esforço de eficiência nos anos que se seguiram à criação da Stellantis, aumentando a eficiência de produção e os lucros, num comunicado divulgado pelo conselho de administração da Stellantis no domingo, 1 de dezembro, fica claro que havia divergências entre o português e os acionistas do grupo.
No documento é referido que “surgiram pontos de vista diferentes nas últimas semanas que resultaram na decisão tomada hoje [domingo] pelo Conselho de Administração e pelo CEO”.
As causas da separação
Apesar de no comunicado divulgado a administração da Stellantis afirmar “que os resultados para o ano fiscal se mantêm alinhados com as expectativas previamente divulgadas”, há muito que a situação do grupo nos EUA era vista como um foco de tensão entre Carlos Tavares e os acionistas.
Com importantes quebras de vendas e receitas no mercado norte-americano, a Stellantis continua a procurar a melhor estratégia para se reerguer nos EUA, um mercado onde não só conta com nomes históricos como a Jeep, a Dodge ou a Chrysler, mas também onde tem tentado entrar, sem sucessos de relevo, com marcas como a Alfa Romeo ou até a Fiat.
A tensão naquele mercado era tanta que em setembro os concessionários das marcas da Stellantis nos EUA chegaram mesmo a endereçar uma carta ao executivo português para dar conta das suas preocupações.
Fontes próximas da cúpula diretiva da Stellantis citadas pela Reuters afirmam que as “tensões aumentaram porque o conselho de administração sentiu que Tavares estava a agir demasiado depressa e focado em soluções de curto prazo para salvar a sua reputação e não com vista ao melhor interesse da grupo”.
A demissão de Carlos Tavares surge apenas dois meses depois de a Jeep, Fiat e Peugeot, “pesos-pesados” no grupo, terem registado uma perda de cerca de 40% do seu valor.
E agora?
Confirmada a demissão de Carlos Tavares, a Stellantis já anunciou que o processo para nomear um novo CEO permanente está em andamento e será concluído no primeiro semestre de 2025.
Até lá, a gestão deste gigante industrial com 14 marcas de automóveis será assegurada por uma nova comissão executiva interina, liderada por John Elkann, presidente da Stellantis, Ferrari e diretor-executivo da EXOR (a maior acionista da Stellantis).
Acerca da saída de Carlos Tavares, Elkann afirmou: “agradecemos ao Carlos pelos anos de dedicação e pelo papel crucial na criação da Stellantis(…). Com a nova Comissão Executiva Interina, asseguraremos a implementação contínua da estratégia da Stellantis, salvaguardando os interesses de longo prazo da empresa”.